ALMIRANTE JOÃO DO PRADO MAIA
O almirante João do Prado Maia nasceu em Belém do Pará em 24 de maio de 1897, filho de Deoclécio Maia e Maria Amélia Maia. Ficou órfão de pai e mãe aos oito anos de idade. Concluiu o curso primário graças às primas professoras que o acolheram.
Em 1911, aos 14 anos, ingressou na Escola de Aprendizes-Marinheiros. Só depois de adulto, já no Rio de Janeiro, concluiu o curso secundário em aulas noturnas no Colégio Pedro II. Estudou, também, numa escola noturna (Colégio São José) mantida pelos monges do Mosteiro de São Bento.
Em 1913, foi transferido para a Escola de Aprendizes-Marinheiros da Capital Federal e matriculado na Escola de Grumetes, que funcionava a bordo do navio-escola Tamandaré. Estava com 16 anos. O menino paraense, aprovado com distinção no Curso de Grumetes, fez-se Marinheiro de Segunda Classe, ingressou no Corpo de Marinheiros Nacionais, cursou escolas profissionais e fez o curso de especialização em torpedos e minas submarinas. Em 1914, já estava promovido a Marinheiro de Primeira Classe. Como Praça serviu no Cruzador Barroso, no Contratorpedeiro Recife e nos cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul.
Em 1916, como Fiel-de-Torpedos, Minas e Bombas e, na graduação já Cabo-de-Esquadra, tomou parte na Primeira Guerra Mundial integrando a Divisão Naval em Operações de Guerra (D.N.O.G.). Estava com 19 anos.
Em 1919, ingressou no quadro de Escreventes da Armada. Foi, sucessivamente, promovido em 1921 a Primeiro-Sargento; em 1922, a Suboficial Escrevente de Segunda Classe; e, em 1926, a Escrevente de Primeira Classe.
Como Escrevente da Armada, entre outras comissões, serviu no Comando-em-Chefe da Esquadra, na Escola Naval, no Sanatório Naval de Nova Friburgo, no Serviço de Documentação da Marinha e no Gabinete do Ministro da Marinha, Alte Henrique Aristides Guilhem, onde inclusive escrevia a maioria das ordens do dia.
Em 1938, com a criação do Quadro de Oficiais Auxiliares, após concurso ingressou nesse quadro como Segundo-Tenente e foi sucessivamente promovido a Primeiro-Tenente e a Capitão-Tenente.
Em 1946, aprovado em concurso de provas e títulos, foi nomeado, por decreto, Professor Catedrático de Português da Escola Naval. Transferido para a Reserva Remunerada por força da Lei do Magistério Superior, ascendeu aos postos de Capitão-de-Corveta, Capitão-de-Fragata e Capitão de Mar-e-Guerra.
Em 1956 foi promovido a Contra-Almirante e reformado no posto de Vice-Almirante. Estava com 59 anos.
Prado Maia casou-se em 1922, em Nova Friburgo, com Adélia da Silva Maia. O casal teve quatro filhos: Yara, Dinah, Célio e Aldo. Célio, até o posto de Capitão de Mar-e-Guerra e Aldo, cursando o Colégio Naval, serviram à Marinha. Yara casou-se com Newton Braga de Faria, que também serviu à Marinha até o posto de Almirante-de-Esquadra. Um filho do casal, João Afonso Prado Maia de Faria, alcançou o posto de Almirante-de-Esquadra. Em 11 de setembro de 2011, a família Prado Maia comemorou 100 anos de serviços prestados à Marinha.
João do Prado Maia faleceu em 25 de junho de 1989, aos 92 anos de idade.
Autodidata, Prado Maia é reconhecido como professor, escritor, historiador, filólogo, pesquisador e poeta. Foi professor da Casa do Marinheiro, desde a fundação até 1956, sem nada cobrar por seu trabalho visando, segundo ele, retribuir à Marinha o muito que dela havia recebido. Foi também professor do Colégio São Bento e do Colégio Pedro II, por concurso de títulos. Foi professor ainda dos cursos Tamandaré e Werneck, preparatórios para as escolas militares. Foi presidente do Clube dos Sargentos e Suboficiais da Armada.
Em 1985, um grupo de oficiais do Corpo Auxiliar da Marinha fundou uma associação elegendo como patrono o Almirante João do Prado Maia. Essa associação, que comemora aniversário no dia 24 de julho, a partir de 2005 passou a ser reconhecida como Aprama – nome fantasia da Associação das Turmas de Oficiais Almirante João do Prado Maia. Uma alameda do Sanatório Naval de Nova Friburgo também recebeu o nome de Prado Maia. Em mais uma homenagem, o majestoso prédio que abrigou a Diretoria de Ensino da Marinha e abriga o Serviço de Seleção de Pessoal (SSPM) recebeu também o nome de Prado Maia, em cerimônia realizada dia 24 de maio de 2006. Um pedestal, com o busto em bronze do Almirante João do Prado Maia, foi inaugurado no dia 21 de fevereiro de 2008, no canteiro gramado em frente ao Centro de Estudos da Casa do Marinheiro.
Paralelamente ao desenrolar de sua vida militar, o marinheiro-professor construiu uma sólida carreira de escritor. A passagem para a reserva não o impediu de continuar sua produção intelectual. Colaborou com revistas e jornais, como o Correio da Manhã e Diário de Notícias. Fundou e dirigiu a revista Âncora. Produziu trabalhos na forma de conferências, palestras, apostilas. Participou da elaboração de enciclopédia e dicionários da língua portuguesa.
Dentre suas obras publicadas aparecem: Dias de Sol, poesias, 1931; Sursum Corda, poesias, 1934; Através da História Naval Brasileira, 1936; A Perenidade de Coelho Neto, 1958; D.N.O.G.: Uma página esquecida da história da Marinha Brasileira Rio de Janeiro, 1961; A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império: tentativa de reconstituição histórica, 1965; A Armada Imperial na Independência, 1972; Tradições dos Homens do Mar, 1975; Espigas da Última Seara, poesias, 1978; Quatro séculos de Lutas na Baía de Guanabara, 1981; Língua: literatura e redação, 1989. Deixou inacabado seu projeto de uma antologia reunindo marinheiros poetas. Após seu falecimento, poesias até então coletadas foram passadas pela família ao seu ex-aluno Valbert Lisieux Medeiros de Figueiredo. Este ex-aluno, na condição de Almirante-de-Esquadra reformado e ex-Ministro-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em 2004 procurou a Aprama com o propósito de concluir a obra, que após quatro anos de trabalho conjunto, em setembro de 2007, foi lançada no Clube Naval com o título de “Antologia Poética Marinheira – João do Prado Maia e outros marinheiros poetas”.
“A Antologia Poética Marinheira – João do Prado Maia e outros marinheiros poetas” registra, entre outros inspirados versos de seu idealizador, estes que podem se resumir na mais perfeita definição do espírito marinheiro:
“Feliz quem segue o pendor
Que ao berço lhe vem primeiro.
Nunca pensei ser doutor
Sempre quis ser marinheiro.”